segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Independência do Brasil


       “Independência do Brasil”
n  As regras do pacto colonial (objetivo das autoridades reais era garantir que as atividades da colônia gerassem lucros para a metrópole.
n   Aumento do controle metropolitano: proibiu-se o comércio da colônia com todos os navios estrangeiros, (decreto de 1661), determinou-se que os navios da colônia só podiam ancorar em portos portugueses (decreto de 1684)
       Estabeleceu-se que os navios estrangeiros permitidos pela Coroa só poderiam vir para a colônia em frotas oficiais (decreto de 1711).
       O aumento da pressão da metrópole aumentou chocou com as dificuldades em Minas em virtude da escassez de ouro e diamante.
       A ERA POMBALINA.
       Instituiu a cobrança do mínimo 100 arrobas anuais de ouro;
       Criou companhias de comercio que tinham o monopólio da navegação e do comercio na colônia.
       Transferiu a capital de Salvador para o Rio de Janeiro;
       A pressão inglesa.
       Resultado: Rebeliões coloniais.
       INCONFIDÊNCIA MINEIRA.
       INCONFIDÊNCIA BAIANA.
       O Brasil se torna sede do reino português.
       Portugal entre duas potências: França de um lado (Napoleão), Inglaterra (dependência econômica).
       1808: vinda da família real portuguesa para o Brasil;
       Abertura dos portos às nações amigas;
       1810: assinatura do Tratado de Comércio e Navegação (concedia tarifas privilegiadas às exportações inglesas).
       1815: O Brasil foi elevado à condição de Reino Unido, deixando de ser oficialmente uma colônia brasileira;
       Inovações na cidade da corte;
       Interiorização da metrópole: o eixo econômico até então centrado em Portugal, transferiu-se para a América.
       A “Independência do Brasil”.
       Um reino sem rei: Portugal;
       Revolução Liberal do Porto (tentativa de recolonização do Brasil);
       A volta de D. João VI a Portugal;
       D. Pedro como príncipe regente;
       Formação do Partido Brasileiro
       Composição: grupo de pessoas eu representavam a elite colonial (aristocracia, comerciantes);
       Destaque para José Bonifácio (articulador da independência);
       Objetivo: oposição às medidas recolonizadoras das elites portuguesas;
       Principais ações
       01/1822 – Dia do Fico;
       05/1822 – assinatura do Decreto – “Cumpra-se” (D. Pedro I como “defensor perpétuo do Brasil);
       06/1822 – Convocação de uma Assembleia Constituinte.
       Finalmente – 07/07/1822 – Independência do Brasil.
       Reflexão!
       Dirigido, pela aristocracia, sem contar com a participação popular, o processo de independência não implicou mudanças na estrutura produtiva sem social brasileira. Significava a libertação das amarras do pacto colonial, mas a dependência econômica estava submetida à permanência dos privilégios ingleses.
       O Primeiro Reinado (1822-1831)
       A consolidação da “independência” não ocorreu inicialmente de forma pacífica;
       Resistência: Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, parte da Bahia, Província Cisplatina (atual Uruguai);
       O reconhecimento internacional: Os EUA foi o primeiro país a reconhecer nossa “independência” (1824);
       1825: Tratado de Paz e Aliança: potências europeias reconheceram nossa “independência”.
       A construção do Estado-Nação
 Assembleia Constituinte de 1823.
* Composta de 90 deputados pertencentes à aristocracia pertencentes à aristocracia, membros da Igreja, juristas;
       Principais decisões
       Monarquia constitucional;
       Sem alterações que afetassem o domínio aristocrático-escravista;
       Soberania do Legislativo (deputados e senadores) -  a quem estavam subordinados tanto o poder Executivo (do imperador) como as Forças Armadas;
       Voto seria censitário ( avaliado segundo a quantidade de terras e escravos).
       Oposição de D. Pedro I
       Dissolveu a Assembleia Constituinte, e nomeou um Conselho de Estado, para ajudá-lo a redigir a carta constitucional.
       Constituição de 1824
       Monarquia hereditária;
       Divisão político-administrativa do território em províncias;
       Separação do poder político em quatro ramos:
       Executivo (imperador e ministros de Estado, responsáveis pela execução das leis);
       Legislativo (Câmara de Deputados e Senado, encarregados da elaboração das leis);
       Moderador (atribuição exclusiva do imperador, que regularia os outros poderes);
       Constitucionalismo mesclado com elementos absolutistas.
       A Confederação do Equador.
       Localização: Pernambuco.
       Movimento que levou a uma ruptura com o governo central e a formação de República independente (Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Piauí).
       Destaque para Frei Caneca.
       O Fim do Primeiro Reinado
       A crise da Província Cisplatina.
       A crise política: impopularidade de D. Pedro I (Noite das Garrafadas).8
       1831: D.Pedro abdicou o trono deixando seu filho Pedro de Alcântara (5 anos).




Gabarito. Atividades 01 ao 07.

1 – O historiador José Ribeiro Júnior afirma que a independência foi feita sem a participação popular, já a historiadora Cecília Helena defende que houve participação popular no processo de independência no Brasil.

2 – Note-se que tanto uma quanto outra posição é defensável. Para José Ribeiro Júnior, a independência deve ser vista como “arranjo político” entre as elites; já para Cecília Helena, a independência significou uma ruptura. Eis o que ela diz: “Dessa maneira, a Independência foi um processo revolucionário e por duas razões básicas. A primeira porque quebrou em definitivo a ligação política com Portugal. E a segunda porque, através de um conflito armado no interior da sociedade brasileira, promoveu a formação de um novo governo no Brasil, sustentado por uma Constituição que definiu com clareza quais eram os cidadãos do novo governo e quem eram os não cidadãos, aqueles que estariam, portanto, excluídos do exercício da política”.

Atividades

01


Conjuração Mineira
Conjuração Baiana
Data e local
1789, em Vila Rica.
1798, em Salvador
Origem social e nomes de seus líderes
Membros da elite de Minas, como Tiradentes, Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Inácio de Alvarenga Peixoto, padre Oliveira Rolim e Joaquim Silvério dos Reis.
Intelectuais, como Cipriano Barata e o padre Agostinho Gomes, e homens livres pobres (artesãos, soldados, vendedores ambulantes etc.)
Objetivos
Independência de Minas Gerais; proclamação de uma República com capital em São João del Rei; criação em Vila Rica de uma universidade e uma Casa da Moeda.
Proclamação de uma República; abertura dos portos brasileiros a todas as nações; fim preconceito racial; diminuição dos impostos e aumento dos salários.
Desfecho
Tiradentes e os demais conjurados foram presos. Somente Tiradentes foi condenado à morte. Os demais receberam a pena de degredo (exilo) nas colônias portuguesas da África. Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro.
Os líderes foram presos; quatro deles foram condenados à morte: os soldados Lucas Dantas, Luís Gonzaga das Virgens e os alfaiates João de Deus e Manoel Faustino, todos pobres e afrodescendentes.

3 – A abertura dos portos brasileiros e, logo depois, o Tratado de Comércio e Navegação (1810) foram vantajosos para os negociantes ingleses, que, com isso podiam vender suas mercadorias diretamente para o Brasil, pagando imposto menor do que outras nações. Daí a enxurrada de mercadorias inglesas no Rio daquela época.

4 – Sim, o governo de D. João foi responsável pela ampliação da área da cidade, abertura de vias públicas e uma série de outras realizações, tais como a publicação do primeiro jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro; a criação do Banco do Brasil; da Casa da Moeda, da Academia Militar e da Marinha, do Horto Real e da Biblioteca Real (atual Biblioteca nacional do Rio de Janeiro).

5 – Semelhanças: o tema é o mesmo: o mercado de escravos; a época também é a mesma: primeira metade do século XIX. Ambos os artistas lançam um olhar europeu sobre o Brasil daquele tempo. A primeira imagem, intitulada Mercado na Rua do Valongo, faz parte de um dos volumes da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, composto por aproximadamente 80 imagens, pintadas e descritas pelo próprio Debret. A segunda imagem é do artista dinamarquês Paul Harro-Harring, intitulada Inspeção de negras recentemente chegadas da África, de 1840.
    Diferenças: o modo de representação do local e dos personagens. Debret romantizou o mercado de escravos, transformando-o num lugar amplo e arejado (reparem o pé direito da construção), e dispôs os personagens de forma a sugerir harmonia e tranquilidade; a porta está aberta, mas ninguém tenta escapar. Já na obra de Harring, o mercado de escravos é um lugar sombrio, escuro e tenso, que foi adaptado e não construído para aquela função (note-se que as africanas oferecidas à venda se sentam sobre tábuas).

Quanto aos africanos desenhados por Debret, são esquálidos, magérrimos e, psicologicamente abúlicos, alheios à situação, conformados. Em seu livro, Debret descreve-os com as palavras “sem energia”, “indiferente”, “triste”, “paciente”, “apático”, “sossegados”. Já na imagem de Harring, as africanas são fortes, saudáveis, inquietas e altivas. Na cena, cada uma delas reage à humilhação a seu jeito. A africana da esquerda se esquia do comprador; seu gesto é de repulsa àquele homem branco, de meia idade, que se curva sobre ela e a apalpa com um olhar de cobiça.  A que está ao centro olha para o lado oposto ao da senhora branca que toca a sua cintura com uma sombrinha, como quem pergunta a seu preço ou afirma interesse em comprá-la. A da direita é altiva e dirige um olhar duro ao mercador. Ele, por sua vez, mantém-se indiferente ao olhar dela e, com a Mao direita no seu ombro, oferece-a à venda apontando o dedo da outra mão para ela. Enfim, o pintor dinamarquês capta a tensão do lugar, a humanidade das africanas e o nervosismo na relação pontilhada de tensões e enfrentamentos psicológicos entre personagens em foco. Com isso, diferencia-se de seu coetâneo Debret.

6 – a – “Embora contrariado, D. João VI voltou para Portugal. No entanto, ele deixou no Brasil seu filho Pedro coo príncipe regente”.

6 – b – O “Partido português” era formado em sua maioria por comerciantes e militares portugueses, mas entre seus membros também havia brasileiros. O “partido brasileiro”, por sua vez, também tinha portugueses. Portanto, a causa da rivalidade eram os interesses, não a nacionalidade. Além disso, na época, a palavra “partido” não tinha o mesmo significado de hoje. No Brasil de D. João VI, partido era um grupo político com interesses e ideias semelhantes. O episodio em foco é central no processo que conduziu à independência do Brasil. A questão pode facilitar a construção da ideia de processo, evitando que se veja o Sete de Setembro como um fato isolado.

7 – a – No Brasil, havia dois grupos políticos principais: um formado por militares e comerciantes portugueses, que apoiava a volta de D. João VI para Portugal e era chamado de “partido português”, outro que era composto por fazendeiros, comerciantes e altos funcionários (brasileiros e portugueses), favorável a que D. João VI permanecesse,, chamado de “partido brasileiro”. Liderado por homens como Gonçalves Ledo e José Bonifacio, o partido brasileiro lutava por maior autonomia para o Brasil no conjunto do Império português. Mas seus líderes discordavam entre si quanto ao projeto político: Gonçalves Ledo era favorável à proclamação da República e a eleições diretas. Jose Bonifacio temia as eleições diretas e acreditava que só a Monarquia seria capaz de manter o Brasil unido.


Constituição define quem é e quem não é cidadão
 
Separação entre Brasil e Portugal
 
Revolução Liberal do Porto.
 
Abertura dos portos
 
Elevação do Brasil a Reino Unido
 
      1808                   1815                      1820                   1822                        1824               

quinta-feira, 29 de março de 2012


Goiás até a Revolução de 1930.

OBS: as três primeiras décadas do século XX não modificaram a situação a que Goiás regredira em conseqüência da mineração no fim do século XVII. Continuava sendo um estado isolado, pouco povoado, quase integralmente rural, com uma economia de subsistência.

Situação geral do Estado.
·          Até 1930, o estado de Goiás continuava fora da corrente de progresso que, nos últimos 80 anos, vinha transformando São Paulo e outros estados a partir da modernização da agricultura e de industrialização.
Principais aspectos dessa situação.
·          Comunicações
·          1824: entrou em Goiás o primeiro carro de bois proveniente de Minas Gerais (progresso para a época)
·          1891: telegrafo (enorme avanço na transmissão de noticias)
OBS: dois grandes inventos tinham revolucionado as comunicações durante o século XIX: no setor das comunicações marítimas, o navio a vapor e, no setor das comunicações terrestres, a estrada de ferro.
·          Em Goiás a estrada de ferro só chegou em 1913
·          Os investimentos demoraram demasiadamente a chegar a Goiás, pois o governo federal não estava disposto a um investimento tão vultoso num estado sem significação política e econômica como Goiás.
·          Século XX novo invento: automóveis
·          1907: chegou o primeiro automóvel em Goiás
·          1921: primeira estrada de rodagem
·          Nesse período grandes zonas do estado sofria ainda mais com o isolamento: o norte todo, a região do Araguaia, os chapadões da divisa com a Bahia.
·          A região mais povoada era o sudeste pela proximidade com o Triangulo Mineiro e pela presença da estrada de ferro.
·          A população era quase integralmente rural. Os centros urbanos eram poucos e de pouca significação.
Economia
·          Quase exclusivamente de subsistência: a produção era local e para o consumo, sendo muito pequeno o comercio interno e a circulação monetária;
·          A criação de gado era o setor mais dinâmico da economia por ser o gado em pé o produto de mais fácil exportação e dos únicos exportados em quantidade apreciável.
·          Entre 1920-1929: o gado vivo significou quase a metade de todas as exportações e 27,69% da arrecadação total do estado.
·          Com a estrada de ferro, a produção de arroz para a exportação aumentou rapidamente; 1928-1932 a exportação de arroz alcançava a metade da exportação do gado.
·          A indústria e os serviços continuavam sendo atividades econômicas pouco significativas (indústria, no sentido moderno não existia) o que se tinha era a indústria artesanal especialmente a produção de tecidos de algodão.
·          Posteriormente, o progresso das comunicações, ao introduzir a concorrência do produto industrializado, acabaria arruinando esse tipo de produção.
·          Em síntese: Goiás, no período da República Velha, permaneceu estagnado.

Regime de propriedade
·          Em todo o estado, continuava dominando a grande propriedade rural, o latifúndio. Isto era uma decorrência  ainda do sistema de sesmarias provenientes do tempo colonial e continuando durante o Império.
·          A falta de mercados e de uma economia monetária contribuiu para fortalecer o sistema de latifúndio
·          Só as grandes fazendas podiam vender algum excedente
·          Antonio de Ramos Caiado, símbolo dos governos oligárquicos de Goiás.
·          Inexistia de uma classe de pequenos proprietários dedicados à lavoura ou à pecuária.
OBS: não existindo uma economia monetária, trabalhar para alguém não significava simplesmente um contrato de serviço prestado e de salário recebido era principalmente o estabelecimento de um laço pessoal de “confiança mutua” e de dependência social. O empregado tornava-se assim “homem do patrão”, num sentido real, embora sem o formalismo e sem a ideologia do antigo feudalismo. O “coronel” era sempre politicamente poderoso, num tempo em que o poder central aparecia como algo longínquo e inoperante, podia reivindicar o exercício da jurisdição política.

Política
·          O governo tinha sua autonomia bastante reduzida pela prepotência dos “coronéis”.
·          Os coronéis, o vigário e o juiz eram mantenedores da ordem social.
·          As distâncias, a pobreza de meios econômicos, a carência de um corpo de funcionários adequados são as causas principais deste enfraquecimento do poder central do Estado.
·          Os governos de Goiás até a revolução de 1930 estavam muito próximos do tipo de governo colonial que dos governos atuais.

A Revolução de 30 de a construção de Goiânia.
OBS: A Revolução de 30, embora sem raízes próprias em Goiás, teve uma significação profunda para o estado. É o marco de uma nova etapa histórica. Esta transformação não se operou imediatamente no campo social, mas no campo político.
·          Foi uma revolução importada para Goiás, e nem poderia ser outra maneira, pois não foi uma revolução popular, nem sequer uma revolução de minorias com objetivos sociais.
·          A participação efetiva de Goiás na revolução limitou-se à ação pessoal do Dr. Pedro Ludovico Teixeira que, durante sete anos, tinha lutado na oposição em Rio Verde.
·          Ao articular-se o movimento revolucionário, ele entrou no esquema, mantendo-se em contato com outros centros revolucionários de Minas.
·          Ao explodir a revolução, reuniu um grupo de voluntários no Triângulo Mineiro e intentou invadir a região sudoeste de Goiás (sem sucesso, Pedro Ludovico foi preso).
·          Contudo, a revolução triunfou no resto do país e uma coluna procedente de Paracatu, comandada pelo coronel Quintino Vargas, chegou à cidade de Goiás, e o médico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o poder.

Governo Revolucionário.
·          Como nos outros estados, a revolução colocou em Goiás um governo provisório composto de três membros; entre eles estava o Dr. Pedro Ludovico que, três semanas depois, foi nomeado interventor.
·          A revolução não provocou nenhuma mudança social. No campo político, apresentava-se como um movimento moralizador.
·          Mas o fato de a revolução não ter modificado as bases sociais e os longos anos da ditadura que se seguiriam tornaram bastante duvidosos os progressos reais da democracia.
·          Em 1933 Goiás apresentava problemas sérios a serem resolvidos pelo governo: transporte, educação, saúde pública e exportação.
·          O grande empreendimento que catalisou e sintetizou esse afã de construir algo novo e desenvolver o estado foi a construção de Goiânia.

O Problema da Mudança da Capital.
·          Já desde os primeiros tempos da história de Goiás, a localização da capital constituía um problema. Em 1753, o primeiro governador de Goiás, Conde dos Arcos, informava que o traslado da capital de Vila Boa (cidade de Goiás) para Meia Ponte (Pirenopólis) seria bastante benéfico para a Capitania, pois o clima de Vila Boa e sua situação geográfica eram muito inferiores aos de Pirenopólis.
·          Razões fortes opunham à mudança da capital
·          A primeira, de parte do governo, era o gasto que isto suporia; todos os edifícios públicos teriam de ser construídos de novo; ter-se-ia de empregar grandes somas na construção da nova capital, e o governo estadual era tão pobre que não podia pensar em gasto algum extraordinário.
·          A segunda, de parte da população da capital, era a oposição compacta, tanto por motivos sentimentais como pelo prejuízo econômico que se temia com a mudança. A “desvalorização” das casas, dos negócios e das terras era temida não só pelos grandes proprietários rurais e urbanos que dominava m tradicionalmente política, mas também pelos pequenos funcionários do governo, pelo comercio miúdo da cidade.
·          Por isso a mudança não poderia processar-se em tempos normais, a oposição era demasiado forte. Só uma transformação violenta das estruturas políticas poderia reabrir o problema da mudança. Foi o que aconteceu com a revolução de 1930.
·          A situação do novo governo nascido da revolução era radicalmente diferente com respeito da mudança da capital: a cidade de Goiás era o centro de poder da oligarquia deposta pela revolução, mas de forma alguma aniquilada, trasladar a capital para outro lugar reforçava o novo governo do ponto de vista político e psicológico.
·          Os partidos e a Canara foram dissolvidos pela revolução; para criar uma nova era como aspirava fazer a revolução nenhum símbolo melhor que criar uma nova capital, que seria a expressão concreta da revolução.
·          Palavras de Pedro Ludovico: “mudando a sede do governo para um local que reúna os requisitos de cuja ausência absoluta se ressente a cidade de Goiás, teremos andado meio caminho na direção da grandeza desta maravilhosa unidade central”

Etapas da Construção de Goiânia.
Uma comissão nomeada para a escolha do local decidiu, a 04/03/1933, que Campinas era o lugar que reunia as melhores condições para a construção da nova capital. Razões: proximidade da estrada de ferro condição julgada indispensável, abundancia da água, bom clima, topografia adequada.
·          A 24 de outubro de 1933 como homenagem à revolução foi lançada a pedra fundamental. A partir deste momento, a construção progrediu rapidamente: a 7 de novembro de 1935, realizou-se a “mudança provisória”; o governador Pedro Ludovico deixou Goiás para fixar residência em Goiânia.
·          Em Goiás, ficaram ainda a Câmara e o judiciário. A mudança definitiva teve lugar em 1937, quando os principais edifícios públicos já estavam concluídos, embora a cidade, do ponto de vista urbanístico, ainda se encontrasse em seus começos.
·          Cinco anos depois, em julho de 1942, foi realizado o “batismo cultural” de Goiânia.

Goiânia e o desenvolvimento de Goiás.
·          O problema do desenvolvimento é muito mais complexo e de muito mais lenta solução do que supunham os homens da Revolução de 30.
·          Em 1942, com efeito, Goiânia, “chave do desenvolvimento geral do estado”, era uma cidade perfeitamente estabelecida, mas o desenvolvimento do estado estava longe de ser satisfatório.
·          As comunicações, a saúde, a instrução, a carência de indústrias, a baixa produtividade na agricultura e na pecuária, a descapitalização da economia, a estrutura de propriedade, entre outros, eram problemas ainda intactos, trabalho para várias gerações.
·          A revolução de 30 e sua obra principal em Goiás, a construção de Goiânia, podem ser consideradas o começo de uma nova etapa mais pelos rumos que marcaram do que pelas realizações imediatas.
·          A primeira, e grande, transformação tiveram lugar no campo da psicologia social. O povo goiano, como conseqüência da ruína da mineração (que na consciência popular tinha significado um período de grandeza), do isolamento e do esquecimento nacional, tinha desenvolvido um sentimento de frustração, uma espécie de complexo de inferioridade coletivo.
·          Nos jornais, nos discursos, eram continuas as referencias à riqueza perdida, ao contraste entre a grandeza física de Goiás, seus imensos recursos naturais e a realidade de ser Goiás um dos estados mais pobres do Brasil.
·          A construção de Goiânia uma das maiores obras do Brasil na época devolveu aos goianos a confiança em si mesmos e, em vez de pensarem na grandeza do passado, começaram a pensar na grandeza do futuro.
·          Ao mesmo a construção de Goiânia significava o primeiro grande impulso para a transformação da economia e da política econômica do estado. O governo, até então preocupado quase que unicamente em manter a ordem, promoveu pela primeira em Goiás uma obra de grande envergadura, que mobilizou as energias latentes.
·          A construção de Goiânia promoveu a abertura de novas estradas, tornando-a elo entre municípios e com outros estados; favoreceu a imigração, e conseqüentemente o povoamento, acelerando a colonização do Mato Grosso Goiano, zona de grande riqueza agrícola; criou o primeiro centro de relativa importância em Goiás, que senão cegou a constituir um centro industrial como esperaram os construtores, desenvolveu um centro industrial para si e para todos os diversos tipos de serviços (colégios, faculdades, bancos, hospitais, comercio) indispensáveis ao desenvolvimento.
·          A partir de 1940, Goiás cresceu rapidamente, a construção de Goiânia, o desbravamento do Mato Grosso Goiano, a campanha nacional de “marcha para o Oeste”, que culminou na década de 1950 com a construção de Brasília, imprimiram um ritmo acelerado ao progresso de Goiás.
·          A população de multiplico, as vias de comunicação realizaram a integração do estado com resto do país e dentro do próprio estado; assistiu-se a uma impressionante explosão urbana, com o desenvolvimento concomitante de todo tipo de serviços (a educação especialmente); contudo, Goiás continuava sendo um estado de economia primaria com uma exploração extensiva de baixa produtividade.
·          A urbanização que se processou em Goiás a partir de 1940, e, sobretudo, depois de 1950, não foi motiva, nem sequer acompanhada, por uma industrialização concomitante.
·          Ao contrário do que se poderia esperar, o peso do setor primário na economia goiana (agricultura e pecuária) aumentou até a década de 1960, em vez de diminuir frente aos setores secundário (indústria) e terciário (serviços).
·          O plano de desenvolvimento do Governo de Mauro Borges, de 1961, expressava-se assim sobre este ponto: “ o baixo nível de renda em Goiás decorre de ser uma economia primária, de produtividade baixa e vulnerável às flutuações de clima e de mercado.
·          Na década de 1960-1970, não houve uma modificação fundamental com respeito à indústria, embora os sérvios se tenham desenvolvido rapidamente, em virtude do acelerado processo de urbanização; em 1970, a indústria contribuía com apenas 4,5% da renda estadual.
·          Em virtude desses problemas e a falta de capital e de uma tradição empresarial tornavam a ação do governo insubstituível para pôr em marcha e ativar os mais variados aspectos do desenvolvimento
·          O envolvimento do governo do estado foi se dando gradualmente a partir da construção de Goiânia, e mais intensamente na década de 1950, com a criação do Banco do Estado e da Celg.
·          Entretanto, quem sentou o problema em toda sua amplitude, com plena consciência, e tratou de dar-lhes uma estruturação administrativa foi o governador Mauro Borges Teixeira, durante seu governo (1960-1964).
·          O governo Mauro Borges foi o primeiro a propor, como diretriz de ação, um “Plano de Desenvolvimento Econômico de Goias” (1961-1965) abrangendo todas as áreas: agricultura e pecuária, transportes e comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saúde e assistência social, levantamento de recursos naturais, turismo, aperfeiçoamento e atualização das atividades do estado.
·          Goiás e outras economias estaduais assim como o Brasil como um todo caminhavam, portanto, para uma estatização crescente.
·          Destaques:
·          Cerne (Consorcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do estado);
·          Osego (Organização de Saúde do Estado de Goiás);
·          Caixego;
·          Ipasgo;
·          Esefego;
·          Cepaigo;
·          Idago;
·          Dergo;
·          Metago;
·          Casego;
·          Iquego.

OBS: Outro empreendimento importante que nasceu do governo de Mauro Borges foi a tentativa de reforma agrária através de uma experiência de socialismo cooperativista.
·          De resto, a inflação galopante e a instabilidade política dos primeiros anos da década de 1960 não permitiram testar com a realidade estas diretrizes; ficaram como potencialidade para mais tarde.
·          Um novo período de crescimento econômico para o estado foi vivenciado durante o desenvolvimentismo da Era JK. A construção de Brasília e a transferência do eixo político-econômico do país para o centro-oeste promoveram um impulso significativo para a economia goiana e abriram possibilidades de inserção do estado às diretrizes econômicas internacionais.